Oi, pessoal!
Chamo-me Lidiane e vim aqui, a pedido da Marcela, tentar mostrar o que vi e
presenciei no dia em que passei com eles em São Paulo (26.12.2012). Eu quero
escrever sob o ângulo de alguém que está de fora do problema, o que é vivenciar
pela primeira vez o que eles passam todos os dias no tratamento e na vida do
Heitor.
Cheguei na
casa da Marcela pela manhã e, ao encontrar o Heitor, vi um menininho magrinho,
careca, mas com uma vitalidade que eu nem imaginava que ainda existisse
naqueles olhinhos com cílios curtinhos, pois eu achava que o desgastante
tratamento tivesse tirado um pouco do seu brilho.
Heitor
começou a jogar vídeo game e, com toda a paciência e doçura do mundo, me
explicava como funcionava aquele jogo... Eu não conseguia MESMO entender e ele
me explicou 200 vezes, com toda a paciência do mundo...
De repente,
vejo o Du arrumar uma mochila e o Heitor já se impacientou dizendo que não
queria ir pra o hospital, ver a tia Katia (médica)... Nesse momento, meu
coração doeu pela primeira vez naquele dia (mas não a última). Doeu saber que
de uma forma ou de outra ele teria que ir, quer gostasse ou não.
Perguntei a
Marcela pq a mochila, já que era só uma consulta. Foi quando eu soube que
teriam que estar preparados caso ele precisasse ficar no hospital.
Fomos nós 5:
Marcela, Du, Heitor, Otavio e eu. O Heitor no carrinho e o Otavio andando (e
revezava entre o colo do Du e da Marcela).
Eu sempre
soube que olhavam bastante pra o Heitor, mas não imaginava que fosse tanto!! As
pessoas olham escancaradamente mesmo. Olham de virar o pescoço. Em seguida, nos
olham com um olhar de compaixão, de solidariedade como se perguntassem: como você
está conseguindo viver com isso?
Entrar no
hospital e ver aquela sala recheada de carequinhas mexeu MUITO comigo... Muito,
muito, muito!! Não que eu não imaginasse que fosse assim, mas ver é bem
diferente de saber... Fiquei muito triste em ver aqueles pequenos carequinhas
lutando como gente grande, sofrendo como gente grande... Eu pensava: meu Deus,
era pra essas crianças estarem brincando com os presentes que ganharam ontem no
natal e não pra estarem aqui num hospital, sendo submetidos a procedimentos...
É muito duro ver crianças sofrendo, ver algumas com carinha triste pq mesmo na
mais tenra idade já sabem a que terão que ser submetidas dentro daquele
hospital.
Depois de ver todas aquelas crianças eu passei
a pensar diferente... Até então, eu sempre pensava: “pq com o Heitor?” A partir
daquele momento, eu passei a pensar: “e pq não com qualquer um de nós?”...
Ali
encontrei algumas mães lutadoras, que saíram de suas cidades, de seu mundinho e
ainda assim estavam esbanjando alegria. Não vi mães com ar de fracasso lá.
Percebi que elas estão ali pra ganhar o jogo. Não que não sofram... Sofrem
desumanamente, mas ainda assim mantinham uma postura positiva perante a vida.
De repente,
Heitor chega aos prantos, sentindo uma dor que não cabia nele... Ele havia
acabado de receber o acesso... Admito que nesse momento, não quis olhar pra
ele, me concentrei na conversa que estava tendo com algumas mães pra tentar me
distrair e fiz de conta que não ouvia seu choro... Se morro de dó da minha
filha ter que ser furada uma vez por ano pra algum exame, imagina dele que
passa por aquilo todas as semanas, várias vezes por semana...
Graças a
Deus, os exames do Heitor estavam ótimos e pudemos voltar pra casa...
Logo, Heitor
e Otavio dormiram... Eu e Marcela começamos a falar dos mais variados assuntos
enquanto o Heitor dormia, aí a Marcela me perguntou se eu queria doar sangue
naquele momento (eu já havia combinado com ela que doaria). Nesse momento, o
Heitor começou a chorar e dizer que não... Eu me assustei. Lembrem que ele
estava dormindo e a gente estava falando várias coisas, mas bastou a Marcela
falar em tirar sangue e ele ficou nervoso... Mais um momento em que eu percebi
o quanto isso mexe com ele...
Saí daquela
casa sabendo que eu jamais seria a mesma... Vivenciar tudo isso, mesmo que
somente um dia e de forma tão superficial, muda a forma como a gente vê as
coisas: desde o dia que eu passei lá, compreendi que não importa a dor que vc
sinta e o medo que vc tenha do futuro, a esperança do dia seguinte te renova as
forças. Constatei que coração de mãe não se engana (não é, Gabriela?). Percebi
que ceia de natal é muito menos importante que uma febre de 38ºC (não é
Juliana?). Entendi que uma mãe pode comemorar os pequenos e frágeis fiozinhos
que estão voltando a nascer na carequinha do filho como se fosse o melhor
presente que pudesse ganhar naquela semana (não é, Marcela???)... E, acima de
tudo, percebi que existe um mundo paralelo onde as crianças precisam passar por
todo tipo de dor e, ainda assim, conseguem se manter doces e felizes.
Minha amiga Marcela, você é a mãe mais amorosa e maravilhosa que eu já conheci... De verdade!!! Cada dia tenho mais orgulho de te conhecer e fazer parte da sua vida!!! Cada vez que eu te via enchendo seus filhos de carinho e fazendo de TUDO pra melhorar a vida deles (seja o problema uma simples birra do Otavio pq queria o pirulito babado do Heitor até o outro extremo que é lutar com todas as forças pela vida do seu filho), eu pensava que tenho muita sorte na vida em conviver com uma pessoa que, com sua simplicidade, me ensina até onde pode ir o amor de uma mãe. Eu amo vc e sua família linda (amo até o Du, que é um paizão maravilhoso!!! Rs...)
Minha amiga Marcela, você é a mãe mais amorosa e maravilhosa que eu já conheci... De verdade!!! Cada dia tenho mais orgulho de te conhecer e fazer parte da sua vida!!! Cada vez que eu te via enchendo seus filhos de carinho e fazendo de TUDO pra melhorar a vida deles (seja o problema uma simples birra do Otavio pq queria o pirulito babado do Heitor até o outro extremo que é lutar com todas as forças pela vida do seu filho), eu pensava que tenho muita sorte na vida em conviver com uma pessoa que, com sua simplicidade, me ensina até onde pode ir o amor de uma mãe. Eu amo vc e sua família linda (amo até o Du, que é um paizão maravilhoso!!! Rs...)